segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Do lado de cá

Caminho o caminho, na direção oposta à multidão. Sigo em frente por uma semana, num gás frenético, uma alucinação constante que se intercala em risos e choros. Sigo em frente. Comigo um povo, um pequeno povo. Mas um povo. Uma cultura diferenciada, que não se difere nas roupas, ou na língua. Não se difere em traços físicos ou comida. Se difere nos sentimentos e no pensamento. Um povo saciado que vive uma alegria perpétua. Um povo que está no meio de outros povos. Um povo que ainda assim não perde sua idêntidade. Um povo que amo, um povo que admiro. Um povo o qual todos nascem fora. Um povo que conquista na multidão seus indivíduos. Um povo mesclado, um povo eclético. Uma familia que nasceu separada. Traços que definem o carater são as únicas semelhanças entre esses. Um caráter cantado lá atrás. E nesse turbilhão me diferencio, não como o melhor, nem como o pior, mas como eu mesmo. Pois a igualdade em valor, altura, posição jamais tirará nossa peculiaridade. Cada um de nós, especial e único, assim como todos os outros. E esse paradoxo jamais será compreendido por alguém de fora do povo. Pois somos um povo santo, um povo eleito. Fomos escolhidos no nascimento, e nosso chamado se concretizou quando decidimos fazer parte do povo.

Hoje retorno do sonho, do um sonho de uma semana. Hoje acordo na realidade onde meu espírito se abate e meu ego milita incessantemente contra minha felicidade. Meu sorriso encontra um inimigo cruel, que não se detêm no choro e se sacia na minha solidão. Mas ainda tenho meu povo, ainda tenho meu Pai, e a mais longa distância que pode haver entre mim e Ele é a distância da decisão de amar.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Uma passagem sobre eles...

Sonho em ser um herói. Desconheço o meu passado, mas sigo visando o futuro, e dele traço, não meu passado, mas um projeto dele. Um projeto que não se realizou, mas que continua alimentando a esperança em mim. Um projeto de idêntidade, onde me encontro. Tenho em mim a convicção de um erro mortal, mas também a libertação que somente com sangue se pode comprar. Sei que não sou perfeito, afinal, o que sou? Mas sei também que ninguém o é. E isso não é consolo, é aviso. Não sou como aqueles (dos quais o mundo não era digno), mas sigo rumo ao meu alvo buscando oscilantemente um refrigério para essa alma errante. Provavelmente não o verei, assim como eles não viram, mas quem sou eu para reclamar algo? Afinal, novamente, quem sou eu? Se abuso de uma força não minha, uma misericórdia nova a cada dia, e amo com um amor que não é meu, como posso não ser, sendo? E esse turbilhão me ilumina: Não sei quem sou, pois não sou, mas sei em Quem sou, pois fui criado para ser.