segunda-feira, 21 de maio de 2012

Um sobre... mim.

Onde estás, Altíssimo? - pergunta minha'lma. Assim tal salmista desce novamente dos picos altaneiros aos abismos da existência humana. Não era assim. Em prantos e soluçando os gritos de socorro não são ouvidos senão pelo Criador. Aparentemente me tornei tão surdo que não ouço meu próprio resgate. Que fiz eu com o pagamento de sangue? Que fiz eu para me esquecer do resgate tão penoso que ofereceu meu melhor amigo por esta minha vida desprezível? Não, não fui desprezado. Nunca fui. Ainda assim não valho frações da quantia que diariamente não me importo. Dentro de mim, angústia. Angústia tal que torna pesado os músculos da face, e não se encontra em mim sorriso algum. Espírito meu, vivifica! Brilhe a luz que não é sua! Recomponha-se em detrimento dessa carne temporária. Meu espírito clama, clama incessantemente por um alívio na Tua presença, ó Deus meu! Aquele por quem fiz juras de amor e não fui capaz de cumprir nenhuma delas. Aquele que permanece insondável. Clamo por uma razão eterna. Clamo por um refrigério intangível, onde não precisarei temer a mim mesmo.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Um sobre esse sentimento novo

Cerro meus olhos involuntariamente. O piscar se tornou um processo lento hoje. Estou traçando uma ilustração mental do celeste céu que se apresenta a mim. Todas as manhãs vejo estrelas. Todas as tardes a lua impera de maneira singular. A noite não é mais escura e o dia não mais de excessivo calor. O mar adquiriu outro significado. Distância deixou de ser medida em metros. Cada segundo se tornou quilômetros. Descobri que nos olhos se encontram os mais profundos labirintos, e que é gostoso me perder neles. Descobri que calor sentimos de dentro para fora, e não o contrário. Senti minutos horários de devaneios tornarem-se um épico embate virtual, cujo resultado se converge à própria existência. Nunca houve alguém que entendesse esse pulsar descompassado. São enigmas trazidos por esse novo ser, que em seu determinado tempo decidiu não caber mais no peito. Sim, é a nostalgia de tempos que não foram. A saudade de momentos que não tivemos. Agora sim, finalmente minhas pálpebras se erguem lentamente, arquitetando a próxima piscadela, e com ela minha passagem de volta ao interior desse sentimento, até então, desconhecido. (R)