sábado, 20 de agosto de 2011

Mais um sobre perdão

E nas rimas da natureza, vejo as metáforas divinas. Palavras sussuradas pelo vento, cantam em meus ouvidos grandezas impronunciáveis. E o maior deles é o Amor. Mais profundas que o mais estático olhar são as belezas que ainda não encontrei. Meu coração está gelidamente acelerado, e meu espírito queima parado. Quero, espero, tento, erro, são verbos que estão fatalmente intrínsecos ao meu ego, e apenas fora deste tecido poderei vislumbrar vocabulário maior. Minha justiça afasta minha gratuita alegria, e meu julgo é ingrato. Estou fadado a um ponto-final obscuro, mas o Amor me alcançou e me amor, e me algemou, e me acorrentou, e me escravizou, e me subjulgou, e me aprisionou perpetuamente, e a liberdade está nisso: em poder finalmente ser o que fui criado para ser.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Nós

E esses fiapos de borracha que invadem meu caminho até aqui, dispostos de maneira aleatória no borrão branco em meu passado. Águas cristalinas me esperam adiante, e já tenho sede. Esse calor que me aquece em tempos de inverno faz de mim uma labareda glacial, onde já não mais paro no frio, mas prossigo um aquecido passo de cada vez. Saudade de sua voz me afagando os cabelos, e do seu olhar sob o qual o imenso tapete gramejado se estende. Saudade daquelas manhãs, e daquele sol que não queima. Recolho os cacos de memórias e formo meu mosaico de sorrisos. Minha mente se mantém trabalhando incessantemente, enquanto meu corpo se descansa. Este é um caminho tranquilo, não mais existe a distância, nem quero que volte, mas as pegadas são impressas juntas, numa ordem singular. Esse empirismo crescido já dá cambalhotas, e pouco me importo. Nesse caminho não existem dúvidas nem eu, mas tão somente nós. E a cá volto, à fase provatória de um sanatório insâno, onde muitos se acham doutores, mas o verdadeiro doutor nos é louco.